Propósito da vida

O propósito da vida é aproveitar cada momento.

 Esta é a derradeira verdade do universo. 

A vida é curta, e devemos aproveitar cada momento ao máximo.

 Temos de encontrar alegria nas coisas simples, na beleza do mundo ao nosso redor, na companhia dos nossos entes queridos

Devemos saborear cada momento, pois nunca sabemos quando será o último.


Gregory Corso

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 Perfeição

Em geral, as pessoas não são atraídas pela perfeição nos outros. 

As pessoas são atraídas por interesses comuns, problemas partilhados e energia vital de um indivíduo. 

Humanos ligam-se com humanos.

 Esconder a humanidade e tentar projetar uma imagem de perfeição torna uma pessoa vaga,

 escorregadia,

 sem vida e

  desinteressante.


Robert Glover

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Cada Português que se Preza


É escusado.

Cada português que se preza é uma muralha de suficiência contra a qual se quebram todas as vagas da inquietação.

Conhece tudo, previu tudo, tem soluções para tudo. E quando alguém se apresenta carregado de dúvidas, tolhido de perplexidades, vira-lhe as costas ou tapa os ouvidos.

Um mínimo de atenção ao interlocutor seria já uma prova de fraqueza, uma confissão de falibilidade.

Quanto mais apertado o seu horizonte intelectual, mais porfia na vulgaridade das certezas que proclama.

Não à maneira humilde e cabeçuda dos que se limitam a transmitir sem análise um saber ancestral, mas como um presumido doutor, impante de mediocridade.

Miguel Torga

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 Kintsugi



Aprendi que quando os japoneses reparam os seus objetos partidos, preenchem e reparam cada um dos pedaços com ouro. Acreditam que quando algo se desfaz ou sofreu um dano e tem uma história, irá renascer mais valioso e bonito do que aquilo que era.

A essa prática ancestral eles chamam de Kintsugi.

Oxalá possamos 'fazer mais Kintsugi' por cada vez que a gente se quebre por dentro.


Miguel Pires Cabral

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Tolerância



Eu sou contra a tolerância, porque ela não basta.

 Tolerar a existência do outro e permitir que ele seja diferente ainda é pouco. 

Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro. 

Sobre a intolerância já fizemos muitas reflexões.

 A intolerância é péssima, mas a tolerância não é tão boa quanto parece.

 Deveríamos criar uma relação entre as pessoas da qual estivessem excluídas a tolerância e a intolerância.


José Saramago

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 Quando nós dizemos o bem, ou o mal...


Quando nós dizemos o bem, ou o mal... 

há uma série de pequenos satélites desses grandes planetas, e que são a pequena bondade, a pequena maldade, a pequena inveja, a pequena dedicação...

 No fundo é disso que se faz a vida das pessoas, ou seja, de fraquezas, de debilidades...

 Por outro lado, para as pessoas para quem isto tem alguma importância, é importante ter como regra fundamental de vida não fazer mal a outrem

A partir do momento em que tenhamos a preocupação de respeitar esta simples regra de convivência humana, não vale a pena perdermo-nos em grandes filosofias sobre o bem e sobre o mal. «Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti» parece um ponto de vista egoísta,

 mas é o único do género por onde se chega não ao egoísmo mas à relação humana.


José Saramago

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A Armadilha da Identidade


A mais perigosa armadilha é aquela que possui a aparência de uma ferramenta de emancipação. Uma dessas ciladas é a ideia de que nós, seres humanos, possuímos uma identidade essencial: somos o que somos porque estamos geneticamente programados. Ser-se mulher, homem, branco, negro, velho ou criança, ser-se doente ou infeliz, tudo isso surge como condição inscrita no ADN. Essas categorias parecem provir apenas da Natureza. A nossa existência resultaria, assim, apenas de uma leitura de um código de bases e nucleótidos.

Esta biologização da identidade é uma capciosa armadilha. Simone de Beauvoir disse: a verdadeira natureza humana é não ter natureza nenhuma. Com isso ela combatia a ideia estereotipada da identidade. Aquilo que somos não é o simples cumprir de um destino programado nos cromossomas, mas a realização de um ser que se constrói em trocas com os outros e com a realidade envolvente.
 A imensa felicidade que a escrita me deu foi a de poder viajar por entre categorias existenciais. Na realidade, de pouco vale a leitura se ela não nos fizer transitar de vidas. De pouco vale escrever ou ler se não nos deixarmos dissolver por outras identidades e não recordarmos em outros corpos, outras vozes.
 A questão não é apenas do domínio de técnicas de decifração do alfabeto. Trata-se, sim, de possuirmos instrumentos para sermos felizes. E o segredo é estar disponível para que outras lógicas nos habitem, é visitarmos e sermos visitados por outras sensibilidades. É fácil sermos tolerantes com os que são diferentes. É um pouco mais difícil sermos solidários com os outros.
Difícil é sermos outros, difícil mesmo é sermos os outros.



Mia Couto, in E Se Obama Fosse Africano?
imagem: longisland




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